terça-feira, 2 de maio de 2023

As entrelinhas do querer

Me enganei sobre o amor,
Sempre pensei que ele aconteceria
Como um incêndio, 
Consumindo todo desejo
Que habita meu peito,
Inconsequente, descuidado
Mas não foi assim com você

Você apareceu com um fósforo,
Que queima o papel criando a beleza nas bordas
Você não foi um incêndio, 
Mas aos poucos consumiu 
toda possibilidade de ali, dentro do meu peito
Qualquer outro sentimento existir,
Além do amor que sinto por você

Eu soube que era amor,
Porque não quis me deixar queimar rápido,
Eu só quis lhe conhecer, 
Quis descobrir todas as entrelinhas
Que fazem você ser quem é.
Quis descobrir todas as coisas que lhe assombram,
As coisas que lhe fazem sorrir, desejei conhecer todas as linhas que marcam sua alma, antes de verdadeiramente ter a confiança de seu coração.

Eu não quis queimar rápido como uma tocha,
Mas eu queimei.
Eu não desejei me apaixonar, 
Tudo o que eu queria era lhe conhecer,
Ser inconsequente, consciente,
Eu queria ter todo tempo do mundo disponível,
Para dessa vez fazer tudo certo.

Sempre pensei que amor era o saltar cego do penhasco, sem saber exatamente o que esperar la embaixo,
Mas descobri que ele é o estar sentado na beira apreciando o sol encontrar o solo no final da tarde,
E nesse processo poder apreciar o caminho,
E descobrir a beleza de encostar a cabeça no ombro,
Tocar as mãos de forma espontânea e sentir o cheiro que fica na roupa
Depois do abraço.
Muitas vezes a paciência é a forma mais pura,
De se dedicar ao outro. 
E é o que nós permite queimar devagar apreciando tudo o que há ao redor






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