quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Capitulo XXV - Abra a Janela

Acorda, venha ver o pôr do sol, deixe que ele toque sua pele, sinta a brisa massagear seu corpo. Levanta da rede, abandona o marasmo, esquece o conformismo. Se jogue no mar, tome banho de paz, deita na areia espera a noite chegar. Adormeça na praia esquecendo do que foi, do que é, do que poderia ter sido, recomece do zero, viva o hoje não o ontem ou o amanhã, planejar é bom mas viver de planos é vazio e o futuro, incerto. Compre o livro que você tanto sonha, exponha o segredo que te sufoca, ame quem você quer realmente amar, entenda a derrota que te cerca, mas não a aceite nunca, permaneça vivendo, continue tentando. Coloque o pé na estrada e descubra o rumo no caminho, se livre das amarras, perca o medo de viver. Se preocupe menos com que está fora de sua mente e se concentre mais com que compete a teu coração. Sinta-se grata por ter a vida que tens mas lute por teus próprios sonhos. A vida espera por seu despertar, basta somente você abrir a janela.  

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Capitulo XXIV - O Silencio da alma

Qual é a chave pro teu mundo? Me pergunto a anos onde ela realmente se encontra. Ouvir tuas palavras me transporta para a terra do sorriso e é um lugar bom de se estar depois tantos meses de escuridão. A sensação de olhar para os seus olhos faz meu coração bater estranho, é uma mistura de medo intenso e permissão. Ao mesmo tempo que desejo me apaixonar de novo, sinto medo de fazer isso... é como se meus passos não soubessem os pés que habitam e a minha boca não conhecesse mais a próprias voz. Você é tão incrível quando me chama de seu bem, mas sentir esse carinho todo me deixa sem reação. Sei que você me acha bonita, mas as vezes nem eu sei se sou realmente isso... a beleza é algo tão relativo. Eu também lhe acho, mas é o conjunto da sua existência que me faz querer andar, mesmo sentindo tanto medo. Existe uma grande distância entre nós que me pergunto se vale a pena diminuir, mas quando a gente se olha todas as dúvidas evaporam e só o que consigo pensar é que minha boca deseja encontrar a sua em um beijo e meu corpo lhe enlaçar em um abraço. Nossos caminhos se cruzam e se distanciam a meses, confesso que estou cansada de tanto andar em círculos, mas andamos tantos anos visando a mesma direção, onde foi o desvio que pegamos que nos tornou hoje tão estranhos? Esse amor, vive aqui mas ao mesmo tempo deseja não viver mais... e isso vem se tornando tão sutil. Eventualmente encontro suas fotos entre meus arquivos e viajo no tempo em que éramos felizes juntos, nós fomos tão incríveis! talvez seja essa a razão a qual não consigo lhe dizer completamente adeus. pois esse amor tão bonito vive no silencio de nossas almas e faz mais do que nunca parte de nós. Entendo hoje, que seguiremos nossas vidas sobrevivendo a nossa separação e isso será um processo natural de nossa futura existência.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Medo

Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus aguentam uma reza por mais de duas horas. Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar. Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. Medo de se roubar para dar a ela, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ela seja uma canalha, medo de que seja uma poeta, medo de que seja amorosa, medo de que seja uma pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todas em uma única mulher, todas um pouco por dia. Medo do imprevisível que foi planejado. Medo de que ela morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja a mulher certa na hora errada, a hora certa para a mulher errada. Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de que ela inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ela com mais ninguém, nem com seu passado. Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dela. Medo de que ela seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ela não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz.
Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dela, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ela não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dela quando fala sério ou que banque a séria quando faz uma brincadeira. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dela. Medo de soltar as pernas das pernas dela.  Medo de convidá-la a entrar, medo de deixá-la ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ela por perto, dos bares e das baladas sem ela por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. Você tem medo de já estar apaixonada...


Trecho do livro O Amor Esquece de Começar - Fabrício Carpinejar

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Capitulo XXIII - Semiótica

              Quando Deus criou as flores estabeleceu a elas o livre arbítrio de escolher sua própria cor, ele idealizou as sementes e com ternura vos soprou a vida, dando a elas o poder de encantar a quem fosse sensível o bastante para reconhecer o seu valor. Dentre estas sementes existiu uma pequena sementinha, muito rebelde, que era apaixonada pelo arco-íris, a pequenina sempre pensou que era injusto ter que escolher uma só cor para viver, se todas as cores eram lindas e únicas. Desde pequena, planejou se desprender de sua flor mãe em busca de sua própria essência colorida... pois acreditava que nada ali poderia lhe impulsionar a encontrar o vigor verdadeiro de sua existência e assim o fez. A sementinha tomou carona com o vento, e chegou em uma cidade campina onde os pássaros falavam que havia muito espaço para que ela pudesse se estabelecer flor, entretanto, depois de algum tempo percebeu, que neste Jaraguá algo também lhe faltava, como em meio a tantas cores, ela poderia ser especial? Decidiu então migrar para a cidade do cinza e sobreviveu por anos tentando entender porque flor alguma crescia ali, ela lutou e tentou achar o sol em meio a tantas barreiras, até o momento que percebeu que sua jornada lhe ensinava algo muito valioso. A pequena semente percebeu que dentro de sua natureza Deus havia lhe feito perfeita e independente de como ela se apresenta-se ao mundo, o que importava mesmo, era como ela se sentia em relação a isto, finalmente havia reconhecido que sua essência era sua verdadeira Cor e que a vida inteira ela buscou respostas, para as perguntas alheias. O mundo havia a deixado confusa e cega para si mesma, mas agora ela estava ciente de quem ela é e que nada nem ninguém iria lhe fazer esquecer quão rara era a sua existência. A sementinha cumpriu sua jornada e agora regressa para casa, finalmente pronta para se tornar Flor.