domingo, 27 de março de 2011

Capitulo XII - Ensaios sobre a Insanidade

Chega-se a um ponto em que não se sabe mais onde a realidade começa, prende-se à honra da palavra mas a palavra não se prendem mais a honra. Espera-se muito, sonha-se muito, magoa-se muito. O peito vira alvo ao campo cheio de flechas, o sangue não corre, anda exausto pelas veias. Os olhos já não sabem mais o prazer do choro, porque o choro virou rotina. O sorriso virou rotina, o abraço virou rotina. O corpo deseja o escuro, o silencio, a solidão. A vida quer se esconder por entre o concreto, e aceita o leito do sono eterno. O peito vira terra, onde só se vê chuva de tomates. Dizem da vida, única, falam, que se deve sonhar com o que deseja. Mas viver não é fácil, quando se deseja desistir de tudo. Não se faz alguém a camera de seu próprio tempo, não mas, vê os cabelos brancos, muito menos a artrite corroendo te aos poucos, não se vê os filhos ao primeiro dia de escola, muito menos os netos sedentos por historias, não processarás o governo pela aposentadoria, porque não desejas viver. Perdeste a fé não quer mais sonhar, porque sonhar, é para quem aceita a venda da vida, é para quem entende que por pior que seja a fase é somente uma fase. Eu hoje aprendi a viver somente pelo oxigénio. Larguei a venda e aduzo-me realista.