domingo, 13 de dezembro de 2015

Capitulo XXII - Antes de entrar deixe sair

        Quantos adeus existem até o adeus verdadeiro, quanto sofrimento persiste até que possamos dizer chega! quanto tempo leva até os olhos secarem e decidirmos que o amor se finda? Em que momento a fala para? E a voz desiste do som? O que nos leva a persistir em algo que já sabemos hoje que não existe mais porque estar? De que forma nos livramos das pequenas coisas? Do gosto do café? Do sorriso ao ouvir sua voz me desejando bom dia? Como se livrar da memória e do conforto de seu abraço e como pensar neles me deixava muito mais corajosa... eu sinto sua falta e sei que sentirei para sempre ela. Mas existe algo em mim que me pede para seguir em frente mas ao mesmo tempo, pensar em você me faz querer ficar. Entendo que cada um vive a historia que escolhe viver, mas é complexo se livrar de um sentimento forte, o tempo torna relevante e por muitas vezes cura algumas feridas, mas este é um trabalho minucioso da consciência e de muita paciência; Mesmo que eu diga em voz alta que deixei de lado o que tínhamos, secretamente penso como seria nossa vida, mas entendo que sonhei por mim e não por nós, nossos objetivos se distanciaram e isso nos corroeu durante os anos. Compreendo que todas as feridas que criamos impossibilitam a existência de algum laço. Durante meu silencio escolhi calar meus medos, expus minhas cicatrizes e permiti que elas me lembrassem do porque me permiti sangrar e tornei isso um objeto de consciência dos meus limites. Não usarei de minha energia para lhe esquecer, eu a usarei para seguir minha vida em frente, ninguém escreverá minha historia se eu não fizer isso por mim mesma. Você queria minhas ultimas palavras... então lhe digo, agradeço ao destino pelo tempo vivido, pelos sorrisos, as palavras e o conforto de um bom abraço, tivemos dias de glória mas nos permitimos derrotar e nos fadamos ao fracasso. Vivi uma nova vida ao seu lado, de muitos obstáculos, mas durante estes anos, desabrochei, me tornei mulher, descobri quem sou e o que quero e o não quero mais em minha vida. Merecemos mais do que somos, ambos descobrimos que nossas diferenças já não nos tornavam especiais e sim distantes. O que espero de ti somente, é que viva uma boa vida, que sejas feliz e grata por tudo que tens... Pois eu também viverei assim. Hoje você sai do meu coração, pois mereço um novo amor.

Capitulo XXI - Vermelhim

Amor pulou do barranco,
Caiu sob as folhas secas

e não se levantou.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Capitulo XXX - O Começo da Opera

Você sorriu, se apresentou e no mesmo instante senti, toda a minha atmosfera sumir, como isso poderia acontecer? Nossos corpos se encontraram, você me abraçou, só me abraçou, mas eu senti meu corpo inteiro se arrepiar, porque eu estava sentindo isso? A noite começou, todos conversavam, se conheciam, mas nenhuma conversa me interessava, só o que eu conseguia pensar era em você, lhe observava... feito um monge calmo, fiel a virgem Maria. Lhe olhava secretamente com devoção, observava cada palavra emitida por seus lábios, gravava cada sorriso, cada mexida no cabelo, cada instante seu naquela sala. Perdi meu ar. Não poderia estar perdendo ele assim... não naquela noite. Tentei negar o que estava sentindo... não poderia deixar transparecer que tudo o que mais pensava, era que precisava lhe conhecer. Saímos todos, rumo a alguma festa, Diziam todos, que a música estava ótima, eu concordava com a cabeça... por educação. Mas não escutava a música, me falavam que o bar estava cheio, mas eu não conseguia ver ninguém além de você ali. Eu comecei a suar frio, porque eu estava tão nervosa assim!? Eu via você se divertindo e eu ali, totalmente estupefata, petrificada o que eu não conseguia entender era porque eu estava assim tão nervosa? De alguma forma você me viu. Notou que eu estava diferente de todos, me portava impaciente, não enxergou copo em minhas mãos, muito menos a postura de quem estaria ali tentando conquistar alguém, algo lhe causou estranheza e fez com que viesse até a mim.... neste instante meu coração parou pela primeira vez. "Você não bebe!?" - disse, sorrindo para mim. "Não, não... quer dizer bebo sim, mas hoje não posso" - Balbuciei sem perceber. "Você está bem... sei lá, parece meio tensa" - falou olhando firme como se visse minha alma pelos olhos" "Estou sim, só está meio quente aqui dentro " - sorri nervosamente passando a mão na gola da camisa, tentando aumentar de alguma forma o oxigênio que passava pelos meus pulmões, ficamos ali... nós dois conversando por horas, como se estivéssemos entrado em transe e o salão houvesse ficado vazio. Naquele momento entendi, eu havia conhecido o Amor da minha vida! Entrei em pânico, não poderia estar sentindo tudo aquilo... meu coração batia tão forte, que parecia que ia sair pela boca, minha respiração tentava acompanhar ele... eu ofegava. Você percebeu que algo acontecia, porque a cada instante que se aproximava de mim... eu erubescia, eu sentia seu perfume entrando por minhas narinas e erubescia. Eu me sentia despida diante de seu olhar, seus olhos me prendiam, magnéticos, hipnotizantes, delicados. Eu estava entregue, vulnerável, completamente apaixonada. Saímos daquele bar, nos despedimos e desde então, venho lhe amando secretamente, não sei o seu nome verdadeiro, nem onde moras, a única coisa que eu sei realmente sobre você é que seu perfume era a hipnose.