sexta-feira, 15 de abril de 2011

Capitulo XIII - Ensaios Femininos


A mulher não procura o corpo pelo desejo. 
O Desejo é seu próprio corpo, 
Não mimetiza a brisa pelo sexo, nem blasfema o vento pelo beijo, a mulher é pele, é sangue é vida. 

A mulher deseja as tardes de domingo sobre a cama, só para se perder no tempo enquanto os pássaros cantam lá fora, não deseja o amor engaiolado, o quer livre, vivo, vermelho.  
Quer a doçura dos lábios, a ternura do abraço, a verdade no olhar, quer brigar, blasfemar, rasgar-se em duas, para simplesmente ter a excitação do reencontro. Para ser violentamente arrancada da razão, sentir o corpo clamando água e o beijo lhe roubando o rumo,  sentir-se a beira do infarto simplesmente pela calmaria.  

Secretamente, celebra a dádiva e a tortura de ela e somente ela ser dona da vida, ela diminui os passos para prolongar encontros, sorri gentilmente a estranhos na rua, vê a vida comer o tempo todo dia, e mesmo assim torna o mundo atemporal. 

Mulher quer ser acordada aos beijos, quer ganhar rosas só porque é terça- feira, quer ser surpreendida pelo inesperado, talvez o desejo mais profundo feminino é somente, perder o tempo ganhando o mundo.