quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Sob a fresta da porta [...]

E se, pudéssemos todos os dias acordar vendo nossos rostos despertar do sono, com a cara amassada consumida pela preguiça? E se, ficássemos pela cama olhando a janela, somente vislumbrando o dia virar noite novamente, invés de sair? E se, pudêssemos ter o privilégio de ser a primeira a ouvir uma voz da outra toda manhã, se pudesse descobrir o tom dela de quando o sono não basta, de quando o sono passou do ponto, a voz mansa querendo fazer amor ou até furiosa porque durante a noite toda batalhamos pelas cobertas? E se, todas as noites, a noite pudesse virar dia, envolta em nossas conversas? E se eu conhecer seus "ismos" e decifrar todas as coisas que em ti, que não são expressas em palavras? E se, eu pudesse traduzir você vivendo? se pudesse conhecer tuas manias que vão me tirar do sério e todas as qualidades, as quais terei certeza que sou a mulher mais sortuda desse mundo por ter você. Conhecer você, é juntar todas as peças do quebra cabeça que compõem sua vida e poder organiza-las em um mosaico construído sobre muito zelo. Ao mesmo tempo que tu és maresia tocando a pele no fim de noite és também brasa prestes a começar um incêndio. Toda essa fala mansa, me seduz lentamente e de forma despercebida, toda essa história me vira do avesso e me faz romper barreiras que nunca rompi. Nossas conversas param o relógio e todos os segundos que constituem o tempo tornam-se horas em um piscar dos olhos e por mais inusitado que soe, todo esse sentimento é libertador. E se for você? Será eu também? [...]

Nenhum comentário:

Postar um comentário